Fiscalizações da NR-13 devem aumentar: entenda o que relatório AIR revela e como se preparar

A NR-13, que trata da segurança em caldeiras, vasos de pressão, tubulações e tanques metálicos de armazenamento, é uma das normas mais técnicas e importantes do Brasil quando o assunto é prevenção de acidentes industriais.

Nos últimos anos, o Governo Federal realizou uma Análise de Impacto Regulatório (AIR) para entender se as exigências da NR-13 ainda são adequadas à realidade das empresas brasileiras.


Inspeção técnica em caldeira industrial conforme NR-13 no Paraná e Santa Catarina

Inspeção de caldeira industrial realizada por engenheiro mecânico conforme as exigências da NR-13.


🔍 O que é a Análise de Impacto Regulatório (AIR)

A AIR é um estudo técnico feito pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego. Ela avalia como as normas afetam as empresas, os trabalhadores e o governo, e busca ajustar as regras sem reduzir a segurança.

No caso da NR-13, a AIR tem como principais objetivos:

  • Harmonizar a norma com o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR);
  • Simplificar procedimentos burocráticos;
  • Tornar a conformidade mais acessível às pequenas empresas;
  • Reduzir acidentes e custos associados à falta de inspeção técnica.

⚙️ Por que a NR-13 é tão importante

A NR-13 estabelece as regras para o uso seguro de equipamentos que operam sob pressão — como caldeiras, compressores, autoclaves e tanques de ar comprimido. Esses sistemas acumulam energia que, se liberada de forma descontrolada, pode causar explosões e acidentes fatais.

Um único vazamento ou falha em válvulas de segurança pode colocar vidas, patrimônio e a continuidade da produção em risco. Por isso, a norma exige:

  • Prontuário técnico atualizado;
  • Inspeções periódicas com ART registrada por engenheiro habilitado;
  • Treinamento de operadores e registros de manutenção;
  • Testes de segurança em válvulas, manômetros e dispositivos de alívio.

⚠️ O cenário da segurança segundo o relatório AIR

O relatório mostra que, apesar da importância da NR-13, o número de autuações ainda é alto — especialmente em equipamentos pressurizados sem prontuário técnico ou sem inspeção registrada.

Os dados oficiais apontam que, entre 2016 e 2020, foram registrados 9.347 acidentes envolvendo caldeiras, vasos de pressão, tubulações e tanques metálicos de armazenamento, resultando em 49 mortes. Esses números mostram o alto potencial de risco associado a esses equipamentos e reforçam a importância da aplicação correta da NR-13.

No cenário regional, o Paraná ocupa a 3ª posição nacional em registros de acidentes — 184 ocorrências em 2019, o que representa aproximadamente um acidente a cada dois dias. Já Santa Catarina aparece em 6º lugar, com 116 acidentes no mesmo período, equivalente a um acidente a cada três dias. Esses índices evidenciam que a segurança com equipamentos pressurizados é um desafio real para empresas de pequeno e médio porte no Sul do país.

Os principais problemas encontrados foram:

  • Ausência de engenheiro mecânico responsável técnico;
  • Equipamentos operando sem ART válida;
  • Treinamentos desatualizados ou inexistentes;
  • Subnotificação de acidentes, mascarando a gravidade do problema.

O relatório também aponta que, entre 2016 e 2020, mais de 91 mil fiscalizações envolveram algum item da NR-13, o que representa uma média de 3.500 auditorias por ano. Com a adoção crescente de inteligência artificial e sistemas integrados de dados nos órgãos públicos, é esperado que esse número aumente significativamente nos próximos anos. O objetivo é identificar de forma mais ágil irregularidades e prevenir acidentes antes que ocorram, reforçando a importância de manter a conformidade técnica e documental em dia.


💡 Como pequenas empresas podem se preparar

Com o avanço da tecnologia e a digitalização dos processos de fiscalização, as exigências da NR-13 tendem a se tornar cada vez mais integradas aos sistemas de gestão pública. Isso significa que irregularidades em equipamentos pressurizados — como ausência de prontuário, inspeções vencidas ou falta de ART — poderão ser identificadas de forma automática e cruzadas com outras bases de dados governamentais.

Por isso, o momento é ideal para que pequenas empresas se antecipem, organizem seus registros técnicos e estabeleçam parcerias com engenheiros habilitados. Essa preparação não apenas evita multas e interdições, como também demonstra profissionalismo e comprometimento com a segurança.


👷‍♂️ O papel do engenheiro mecânico nesse processo

Mesmo com a modernização da norma, a NR-13 continua sendo técnica e exige conhecimento especializado. O engenheiro mecânico é o profissional habilitado para:

  • Realizar inspeções e ensaios em vasos de pressão e caldeiras;
  • Emitir laudos técnicos e ARTs conforme exigido pelo CREA;
  • Elaborar e manter o prontuário técnico atualizado;
  • Orientar a empresa quanto às medidas de segurança e manutenção preventiva.

Ter um engenheiro parceiro — mesmo que terceirizado — é a melhor forma de garantir conformidade legal e segurança operacional.


✅ Conclusão: segurança é investimento, não custo

A Análise de Impacto Regulatório da NR-13 confirma que é possível equilibrar segurança e viabilidade econômica. Empresas que mantêm suas inspeções em dia e seguem as orientações técnicas reduzem riscos, evitam multas e aumentam sua credibilidade.

Se a sua empresa possui caldeiras, compressores, vasos ou tanques metálicos, revise seus procedimentos e garanta a conformidade com a NR-13. Mais do que uma exigência legal, isso demonstra responsabilidade e profissionalismo.


Eng. Rodrigo C. Jacobs
Engenheiro Mecânico – CREA-PR 109069/D
Jacobs Engenharia

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