Equipamentos hospitalares - Quais deles oferecem riscos de explosão?
O Hospital é a mais complexa das empresas modernas, pelas suas atividades e serviços muito diversificados e interligados. Além das atividades para cuidar dos pacientes, é necessária toda uma estrutura de apoio, como serviços de lavanderia, nutrição, esterilização, higienização, laboratoriais, suprimentos, manutenção e etc.
"As causas ainda não estão completamente esclarecidas, mas um relatório preliminar de polícia aponta uma explosão em um tanque de oxigênio dentro da ala de pacientes com coronavírus do hospital." Em abril, também a explosão de um tanque de oxigênio deixou 82 mortos e 110 feridos, resultando no que podemos ver pela foto abaixo.
Neste post escrevo sobre quais os equipamentos podem causar tragédias como essas, e o que devemos fazer para evitá-las.
Quais os equipamentos hospitalares podem explodir?
Dentre os equipamentos essenciais em um hospital que tem riscos de acidentes como esses estão as caldeiras e os vasos de pressão, fundamentais para a esterilização de materiais, tratamento de pacientes, lavanderia e nutrição. Primeiro vamos entender rapidamente o que é cada um.
A caldeira é um equipamento que basicamente aquece a água para a formação do vapor, a partir de uma fonte de calor, podendo ser elétrica ou pela queima de combustível (gás, madeira, etc).
Já os vasos de pressão são reservatórios (geralmente cilindros) com dimensões e finalidades variadas, não sujeitos à chama como as caldeiras, contendo fluidos mantidos a pressões internas diferentes da pressão atmosférica. As principais aplicações dos vasos no ambiente hospitalar são:
- os cilindros de apoio aos leitos de gases comprimidos (ar ou oxigênio), podendo ser móveis ou centrais
- os cilindros do vácuo clínico
- equipamentos da cozinha (panelas, cafeteiras e leiteiras industriais)
- equipamentos de lavanderia e esterilização (autoclaves e calandras de secagem de roupa)
Quais os principais riscos desses equipamentos?
A caldeira e os vasos por operarem com pressões diferentes da pressão atmosférica oferecem risco quando operados de maneira errada, com falhas podendo causar explosões.
Nos casos dos cilindros de oxigênio o risco de explosão é ainda maior quando não são tomados os cuidados adequados. Apesar de não ser combustível, o oxigênio medicinal alimenta e intensifica a combustão de materiais combustíveis, podendo ser até poeiras, tecidos e plásticos, que podem pegar fogo pelo simples aquecimento gerado pelo vazamento do gás no cilindro.
Além da questão de segurança, caldeiras e vasos não são simples equipamentos que a qualquer detalhe signifique apenas uma parada para manutenção. Nos serviços de saúde uma falha pode representar também a paralisação geral do suprimento de oxigênio aos leitos, da operação dos setores de lavanderia, nutrição, esterilização de materiais e consequentemente na interrupção dos serviços de cirurgias e internações.
No Brasil as empresas, que possuem esses equipamentos e atividades em seu escopo, devem adotar os procedimentos obrigatórios das Normas Regulamentadoras 13 (Caldeiras e Vasos de Pressão) e 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde), que descrevem orientações fundamentais e específicas para a segurança do processo.
De forma resumida, a NR13 demanda a classificação das caldeiras e vasos de pressão por um Profissional Habilitado, e de acordo com cada equipamento devem ser adotados procedimentos de segurança, treinamentos, inspeções, testes, manutenções e calibrações de dispositivos de segurança.
A NR32, referente aos gases medicinais, coloca que no manuseio, movimentação, transporte e armazenamento devem ser observadas as recomendações do fabricante, essas que devem ser mantidas no local de trabalho para consulta. Também requer que para operar e fazer manutenção as pessoas devem ser devidamente treinadas, além de listar e proibir as práticas de risco.
Pode parecer burocrático, mas essas Normas são o meio para evitar tragédias em nosso país. Essas diretrizes foram estabelecidas como medidas de proteção à segurança e à saúde dos nossos trabalhadores do serviços de saúde, bem como dos pacientes por eles tratados.
Na maioria dos casos, os acidentes com caldeiras e vasos de pressão envolvem vítimas fatais como nos acidentes no Iraque. Quando não tão graves também causam interrupções de atividades, custos com indenizações, reconstruções, além dos custos de reparo ou ainda da aquisição de um novo equipamento. E se for constatada a não observância das normas de segurança, o proprietário, ou o seu preposto, no caso o engenheiro responsável pelas inspeções, estará sujeito a ser responsabilizado civil e criminalmente.
No próximo post vou escrever sobre a classificação de caldeiras e vasos, e quais são as ações necessárias para cada categoria.
Até a próxima!


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